segunda-feira, 16 de junho de 2014

HISTÓRIA DE BELO HORIZONTE

HISTÓRIA DE BELO HORIZONTE



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Foi à procura de ouro que, no distante 1701, o bandeirante João Leite da Silva Ortiz chegou à serra de Congonhas. Em lugar do metal, encontrou uma bela paisagem, de clima ameno e próprio para a agricultura. Resolveu ficar: construiu a Fazenda do Cercado, onde desenvolveu uma pequena plantação e criou gado.
O progresso da fazenda logo atraiu outros moradores e um arraial começou a se formar em seu redor. Viajantes que por ali passavam, conduzindo o gado da Bahia em direção às minas, fizeram da região um ponto de parada.
O povoado foi batizado
de Curral del Rei. Da serra de Congonhas mudou-se o antigo nome: é hoje a nossa Serra do Curral. Nossa Senhora da Boa Viagem, a quem os forasteiros pediam proteção, tornou-se padroeira do local.
Aos poucos, o Curral del Rei foi crescendo, apoiado na pequena lavoura, na criação e comercialização de gado e na fabricação de farinha. Algumas poucas fábricas, ainda primitivas, instalaram-se pela região: produzia-se algodão, fundia-se ferro e bronze. Das pedreiras, extraía-se granito e calcário. Frutas e madeiras eram vendidas para outros locais.
Com a decadência da mineração, o arraial se expandiu. Das 30 ou 40 famílias existentes no início, saltou para a marca de 18 mil habitantes. Elevado à condição de Freguesia, mas ainda subordinado a Sabará, o
Curral del Rei englobava as regiões de Sete Lagoas, Contagem, Santa Quitéria (Esmeraldas), Buritis, Capela Nova do Betim, Piedade do Paraopeba, Brumado Itatiaiuçu, Morro de Mateus Leme, Neves, Aranha e Rio Manso. Vieram as primeiras escolas, o comércio se desenvolveu. No centro do arraial, os devotos ergueram a Matriz de Nossa Senhora da Boa Viagem.
Esse ciclo de prosperidade, contudo, durou pouco. As diversas regiões que constituíram o arraial foram se tornando autônomas, separando-se dele. A população rapidamente diminuiu e a economia local entrou em decadência. Já no final do século passado, restavam mais de 4 mil habitantes. Sua rotina era simples e monótona. Começava cedo, no trabalho de casa ou na lavoura, e terminava às dezenove horas, quando muitos já começavam a se recolher. Durante o dia, a Farmácia Abreu era o ponto de encontro preferido para o bate-papo. à noite, as mulheres faziam novenas, enquanto os homens improvisavam um botequim no Armazém Esperança. De vez em quando, uma serenata fazia as janelas se abrirem. Apenas nos fins-de-semana o arraial ganhava vida, quando os moradores das redondezas vinham ouvir a missa ou visitar parentes e fazer compras. Em datas especiais, o arraial tornava-se mais alegre: nas Festas Juninas, no Natal ou no Dia da Padroeira os festejos eram certos.
A Proclamação da República, em
1889, vem trazer aos curralenses a esperança de transformações. Para entrar na era que então se anunciava, deixando para trás o passado monárquico, aos sócios do Clube Republicano do arraial propuseram a mudança de seu nome para Belo Horizonte. Foi nesse clima de euforia que os horizontinos receberam a notícia da nova construção da nova capital. Durante três dias o arraial se pôs em festa, com missa solene, discursos, bandas de música e bailes. Seus habitantes já sonhavam com modernização e o progresso que a capital traria para a região. Nem imaginavam que, nos planos dos construtores, não havia espaço reservado para eles.

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